Eletricista cataloga mais de mil apelidos em Araçuaí.

terça-feira, 13 de setembro de 2011 0 comentários

O nome é Araçuaí, mas também pode ser Kiau ou “Mirréis Veio”, apelidos que a cidade ficou conhecida. “Kiau”, devido as pedras “ calhau”, que calçaram o centro antigo e também uma referência ao córrego Calhauzinho, que corta a cidade e “Mirréis Veio”, numa alusão ao Mil Réis, unidade monetária que circulou nos anos 30 a 40.

A história está repleta de apelidos. Gente famosa como Tiradentes, Águia de Haia (Machado de Assis) Xuxa, entre outros são mais conhecidos pelos apelidos.
Movido pela curiosidade Aguinaldo Silva, que não é escritor de novelas, mas o eletricista Naka, 63 anos, nascido e criado na região da baixada de Araçuaí, resolveu catalogar os apelidos mais conhecidos da cidade. Foi uma pesquisa de mais de 10 anos. Qual foi sua surpresa, ao se deparar com mais de mil, incluindo o seu. “Poucas pessoas sabem que eu me chamo Aguinaldo. Meu irmão mais velho que colocou quando éramos criança. Já teve situações de alguém gritar “ó Aguinaldo e eu continuar andando. Acho que ate eu me esqueci que chamo Aguinaldo” brinca o eletricista.
“Às vezes no meio da noite eu acordava e lembrava de um apelido e acrescentava. Ricos e pobres, pretos e brancos, gente que já morreu. Ninguém escapou.

Há os mais famosos, conhecidos de todos como Breado, Zé da Venda, Merita Mocó, Otávio Lacrão, Careca, Xapeta, Pequi, Bocão, To Bufão,Maria Pretinha, Santa Rapé, Loquinha, Santo Peba, Moqueca,Papagaio, Pernambuco, Bonitinho, Coqueiro, Carrim Chaleira, Netércio Troção,figuram na lista . “Deveria ter uma lista telefônica com os apelidos. Tem muita gente que não sabe o nome verdadeiro das pessoas aqui na cidade”, defende o eletricista.
Mas afinal, o que é apelido? Para os folcloristas é toda expressão usada para uma determinada criatura com a finalidade de aumentar ou diminuir-lhe as qualidades ou defeitos. Há sempre uma razão de ser do apelido que acompanha seu dono muitas vezes desde a infância. Nem os santos escapam. São Pedro, é o chaveiro do céu, São João é fogueteiro e Santo Antonio, casamenteiro.
Muitas vezes os apelidos estão ligados à família ou a profissão, como os “ Periquitos”, Os Mané Véi, os Barriga Suja, os Pá Bosta, os Baú, os Batatinhas, os Mastiga, os China, entre outros.
Para Naka, não adianta se aborrecer com os apelidos recebidos porque senão, a emenda fica pior que o soneto. É como aquela história de um sujeito que se chamava João e tinha no fundo do quintal um enorme coqueiro. Todos o conheciam como João Coqueiro. Irritado, mandou cortar o coqueiro, deixando apenas parte dele. Não demorou muito e passaram a lhe chamar de João-do-toco. Arrancou o toco, deixou um buraco, tapou o buraco, plantou outra árvore. À medida que os fatos aconteciam, os apelidos apareciam. Teve de mudar de cidade.
Em Araçuaí, o jovem atleta....é mais conhecido por Coqueiro. Diferente do João Coqueiro, ele não se importa com o apelido, recebido devido a sua altura. Jogador de vôlei, já ganhou várias medalhas e troféus.

Ordem alfabética

Para facilitar seu trabalho, Naka dispôs os apelidos por ordem alfabética. Ele diz ainda que cada apelido traz uma história. Por exemplo, a dos tamborzeiros do Rosário

via Gazeta de Aracuai
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